sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Incomunicando

se incomunicáveis somos,
convoquemos o vento
para ser o guia
das palavras rotas
proferidas no enlevo
do dia-a-dia desencontrado
de corpos transeuntes
apressados
que abraçam no instante
o etéreo e pueril montante
de covas,
rugas,
pele
e dentes brancos levemente deformados

inconunicáveis fomos.
a muito elas deixaram
de ser apenas palavras
e tudo aquilo
que ecoa desconexo
das grutas violáveis
chamadas boca
funde-se no espaço e no próprio tempo
forjando, tal qual o mais
hábil ferreiro
o gume amolado
que me corta os sentidos

são essas facas
que me marcam a carne,
mesmo quando
arremessadas
assim:
na rotina inconstante
no cotidiano fragmentário
vendados pelo acaso

incomunicáveis, não mais
pois todas as lanças
lacônicas ou não
tomam-me
o peito por alvo
tracejam o mesmo
arco
percorrem o mesmo
trajeto
e fincam-se inabaláveis.

estrela

Um comentário:

Anônimo disse...

me gusta mucho