quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Presságios



















as palavras
e as vidas
não me pertencem
[nunca me pertenceram]
são todas de tempo
uma-a-uma
e antes
de debruçá-las
desveladas
e firmes
sobre
o branco
ao toque
vacilante
dos dedos-entidades
ouço
o ranger
das raízes
acompanho o baile
suicida
de pequeninos seres verdes
e aspiro
o cheiro acre
das febres
que brotam
do barrro
rijo e sábio
sob os pés
das vidas
e das palavras
e se estes
cantos pagãos
convertem-se
em carne despida,
patos e danças,
não honres a mim
pois apenas
concedo a ele
nada mais do que
minhas orelhas
precisas
e minhas mãos incorporadas
ansiosas
em arrancar
a renda cozida
pela tez preta
que cobre o mundo
todo feito
de febre
barro
folhas e
alumbramentos
a métrica
que grafo
no espaço
não passa
do mundo
recitado
pela
garganta rouca de tempo
e a nós
profanos agraciados
apenas nos é
dado
o poder
de lançá-las
o mais fundo
o mais longe
além mesmo
das nossas torpes
vidas-palavras
(estrela)

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