segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

resisto
às pastas contábeis,
a homens e mulheres
a falarem sobre números,
das quimeras da conta 36;
resisto
aos arquivos físicos,
às velhas máquinas de escrever,
aos goles e tragos regulares
entre pontos de pauta,
aos ponteiros de chumbo,
aos litros de tinta e saliva -
enxurrada
deliberativa
burocrático-procedimental;
custos correntes
fluindo em recursos próprios
estranhos a mim;
e sobre os cálculos de horas economizadas
rabisco em v€erde e preto
tudo aquilo que não
posso me furtar,
quando
cowboys, piñas e espanholas
colam-me em desatino;
recolho
os honorários matutinos
para pulverizá-los
à marcha de corpos errantes,
orçados em noite
ou em tudo
que podem ser
e fazer por ela;
nem a roda,
nem os papéis,
as caderiras espalhadas
ou mesmo a cinza decantada
no fundo do copo
predem-me mais
- não nestes últimos 47 dias -
agora,
só quero
os delírios loucos,
o veludo das carícias,
meus amores
enrolados em trapos de algodão;
reisito,
atrasado,
mas vôo.

2 comentários:

Anônimo disse...

Chega!
Não me condene pelo seu penar
Pesos e medidas não servem
Pra ninguém poder nos comparar
Porque
Eu não pertenço ao mesmo lugar
Em que você se afunda tão raso
Não dá nem pra tentar te salvar

Anônimo disse...

Você, por um acaso, vai morrer no 48º dia?