
dentes caídos
e ficaram sequelas
as marcas do rio da vida
impressas no rosto da Velha
e a dor pungente toma seu peito
dentes Caídos
e ficaram sequelas
o gosto largo embrenha-se à língua
agudando lembranças vindas de outrora
retiradas da face-mina
corroendo memórias
dourando desejos
enebriando máquinas
feitas para louvar
dentes caídos
e ficaram sequelas
a vida não,
nunca mais
foi feita de fé
a construção na areia
e ficaram sequelas
as marcas do rio da vida
impressas no rosto da Velha
e a dor pungente toma seu peito
dentes Caídos
e ficaram sequelas
o gosto largo embrenha-se à língua
agudando lembranças vindas de outrora
retiradas da face-mina
corroendo memórias
dourando desejos
enebriando máquinas
feitas para louvar
dentes caídos
e ficaram sequelas
a vida não,
nunca mais
foi feita de fé
a construção na areia
é mutante
é perecível
é fugaz
grita no vazio da minha boca
a cantillena dos passos na estrada
só soam àqueles que as compõem
as sequelas dos meus dentes caídos
só a mim me definem
sou as marcas, as dores
e os amores
sou eu, sou reto
e sou curvo
sou transitivo e eterno
sou vago
mago me mudo
amado a negar o mundo
pois os dentes caídos nos deixaram sequelas,
os dentes caídos nos deixaram sequelas
morte, tu também tens
morte, tu também tens
vida, eu também tenho
e, no final,
além dos dentes caídos
e, no final,
além dos dentes caídos
o que sempre sobra é um pouco
um tanto. um santo.
e algumas putas.
(Coletivo Íu, no A Proa, em 25 de novembro de 2009)